Natália

Natália
Mauro Fernandes Barros

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

DONNE-MOI LA MAIN

Uma grata surpresa... Foi o que senti quando assisti nesta madrugada em uma noite longa de insônia o filme "Donne-moi La Main" ( em uma tradução livre algo como "Me dê uma mão"). Produção francesa de 2008, a película ainda não foi lançada no Brasil (se é que vai ser um dia) e conta a história de dois irmãos gêmeos de 18 anos (interpretados magnificamente pelos gêmeos Alexandre e Victor Carril), que moram no interior da França e decidem ir à Espanha para o funeral da mãe que nunca conheceram. Percorrendo milhas andando, às vezes de carona clandestina, em trens e comboios, os irmãos encontram pessoas, atravessam situações inesperadas, romances passageiros, e o inesperado: vão ter que enfrentar as suas próprias diferenças. Filme bacana demais, com poucos diálogos, uma linda paisagem de fundo que não passa despercebida, como se fosse uma personagem do filme e, claro, a fotografia, simples mas não menos fascinante... Acho até que vou revê-lo hoje à noite. Aos interessados o filme está à disposição para empréstimo, ok meus amigos!!! Grande Abraço!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

OS SONHADORES


The Dreamers (Os Sonhadores) é um filme ítalo-franco-britânico de 2003, do gênero drama, realizado por Bernardo Bertolucci (Beleza Roubada, O Último Tango em Paris, Assédio, O Último Imperador e tantas outras pérolas do cinema) . O filme é baseado no romance de Gilbert Adair chamado "The Holy Innocents" (Os Inocentes Sagrados), que também elaborou o roteiro do filme. O filme é estrelado pelo ator americano Michael Pitt (que tambem canta brilhantemente "Hey Joe", de Jimi Hendrix, parte da trilha sonora do filme), e pelos franceses Louis Garrel e Eva Green (Bond Girl de "Cassino Royale"). O trio de atores é bonito e tem uma sintonia perfeito, em cenas ousadas e de muita nudez. A história se passa em maio de 1968, onde o jovem estudante de intercâmbio Matthew, vai para Paris estudar francês. Completamente apaixonado por cinema, ele rapidamente faz amizade com a jovem francesa Isabelle e seu irmão gêmeo Theo. Os três têm, em comum, uma enorme paixão pelo cinema, sobretudo cinema clássico. A amizade entre eles começa a florescer. Matthew passa a descobrir uma intimidade fora do comum, da qual os irmãos franceses compartilham, em meio a jogos psicológicos sob a temática do cinema clássico. Matthew fica inicialmente confuso e impactado, mas aos poucos começa a ser atraído para o mundo deles. Por todo o tempo eles vivenciam uma paixão mútua e isolam-se totalmente do mundo, distanciando-se completamente do contexto conturbado em que vivia a França em maio de 1968. Entretanto, o profundo relacionamento entre eles é abruptamente interrompido, quando percebem o enorme estardalhaço vindo das ruas de Paris. Havia estourado uma grande rebelião de estudantes e, como que se acordassem de um sonho, decidem unir-se ao movimento. O filme é perfeito e os extras é interessantes e informativo. Algumas curiosidades do filme: Jake Gyllenhaal e Leonardo DiCaprio não aceitaram fazer o papel de Mathew pela natureza erótica de algumas cenas; o livro contém um ménage à trois, mas Bertolucci decidiu cortar a cena do filme e ela nem sequer foi gravada; Tem uma cena que o cabelo de Eva Green pega fogo de verdade, mas a cena acabou sendo incluida na edição final, pois a atriz reagiu tão calmamente ao episódio; outra cena legal é a referência ao filme "Band à Part", de Godard -que já falei neste blog - onde o trio sai correndo pelo Museu do Louvre. amado e odiado o filme recebeu duros ataques da crítica italiana e francesa, mas no Brasil foi o filme mais visto nos Festivais de cinema. Filme sensacional, extremamente sensual e inocente... Como diz o meu amigo cinéfilo Rafael (sim, eu tenho amigos que gostam dos meus filmes, viu?), o legal no Bertolucci é esta coisa bilíngue, esta mistura de línguas, de cultura diferentes... Nota 10!


E SUA MÃE TAMBÉM



Anteriormente falei de Alfonso Cuarón, diretor de "Grandes Esperanças". O cara é tão bom que não resisti e vou falar de outro filme que ele realizaou no México em 2001. "E Sua Mãe Também" conta a história de Tenoch (Diego Luna) e Julio (Gael Garcia Bernal), dois adolescentes de 17 anos que são controlados pelos seus hormônios e desejam se tornar adultos rapidamente. Em uma tarde festiva eles encontram Luisa (Maribel Verdú), uma garota espanhola 11 anos mais velha que eles e que é casada com o primo de Tenoch. Eles a convidam para uma viagem à praia de Boca del Cielo, convite este inicialmente recusado e posteriormente aceito, após Luisa receber uma desagradável notícia. Porém, tanto Julio quanto Tenoch não conhecem o caminho até a praia e nem mesmo se ela realmente existe, fazendo com que os três se aventurem em uma viagem onde inocência, sexualidade e amizade irão colidir. A princípio o filme parece ser mais um destes filminhos adolescentes cheio de sexo e diálogos chatos... Mas é aí que tá o lance do filme, mostrar que nem todo filme sobre adolescentes é besteirol. O filme é bacana demais, um drama sensível com ótimas interpretações e um final surpreendente. Vale a pena conferir mesmo!!! Só fico imaginando o Renê e a Carla me xingando, mas tudo bem... Um dia eu ainda pego eles!!! Ah! Alfonso Cuarón também realizou um dos filmes de Harry Potter que não me lembro agora qual (pra falar a verdade nunca assisti a um filme do Harry Potter).

GRANDES ESPERANÇAS




Eu realmente adoro este filme. "Grandes Esperanças", da obra imortal de Charles Dickens já foi levada aos cinemas nos anos 40, se não me engano. Ainda não tive a oportunidade de ver a filmagem original, mas esta, de 1998, me agrada muito. Talvez por se tratar de um desenhista, algo que já fui um dia, ou então pela belíssima fotografia, algo que sou hoje em dia. Realizada pelo mexicano Alfonso Cuáron (do ótimo "E Sua Mãe Também"), esta obra foi feita em Hollywood, o que talvez a torna um pouco mais comercial que outros trabalhos realizados no México. Mas isso não vem ao caso, o filme é uma jóia de sensibilidade do cinema dos anos 90. Amigos e apaixonados desde crianças, Finn e Stella se reencontram já adultos em Nova York. Ela, mimada e de casamento marcado; ele, um artista em busca de um lugar ao sol na cidade grande. Ethan Hawke, brilhantemente frágil como sempre, e Gwyneth Paltrow, perigosamente sedutora, pintam este quadro marcante, onde até a música parece esculpida à imagem da história. O filme tem cenas brilhantes, de serem vistas várias e várias vezes, como a que Stella chega ao quarto de Finn e ele pinta o seu retrato - aliás, vários retratos - em cenas de tirar o fôlego, ao som de uma música genial (da Banda Pulp) ... ou então quando ele sai em busca da amada no meio da chuva e a encontra em um restaurante com o noivo, ele a tira para dançar e os dois saem pela chuva afora... Bom, a quem interessar amigos, eu tenho o DVD e o CD.

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER


Apesar da correria, arrumei um tempinho para reler e rever "A Insustentável Leveza do Ser". O filme de quase 3 horas de duração começa sutilmente, de mansinho, com uma música que roça o cômico. Demasiado leve. E depois cresce, cresce, cresce, a cada minuto que passa. Subitamente a música torna-se séria. E então aí encontramos a perfeição e a beleza estampados numa tela de cinema. Baseado naquela que é, talvez, a obra-prima do escritor Checo MilanKundera, "A Insustentável Leveza do Ser" (lançada em 1984) ganha na tela novos contornos pela mão do diretor Philip Kaufman (lançamento de 1988). As linhas descritas nas páginas ganham vida própria, as personagens ficam ainda mais belas, a história entra na nossa pele. Tomaz (Daniel Day-Lewis) é um jovem médico que vive na Praga de 1968, dividido entre duas mulheres, Tereza (Juliette Binoche) e Sabina (Lena Olin). Juliette Binoche encarna, com a sua Tereza, uma timidez que não choca, uma leveza de espírito que fascina, um erotismo que surpreende. Já Sabina é o oposto: é a mulher nua do chapéu na fantástica foto do cartaz do filme e na cena inesquecível, que faz amor em frente a um espelho e que conhece Tomaz como ninguém: os seus desejos e medos enquanto homem. E a história desenrola-se assim, num equilíbrio de emoções, nos prazeres que causam dor. Não é apenas a história de um triângulo. A Insustentável leveza do ser é amor misturado com história, com arte, com cultura. Não é apenas um simples filme, é um documentário ficcionado. E esse detalhe é facilmente denotado na forma impressionante como Kaufman faz a ligação entre as personagens e a Primavera de Praga. Tereza e Tomaz parecem ser figuras presentes de uma revolução, a fotografia é simplesmente perfeita. Não fosse a revolução, não fossem aspectos autobiográficos do próprio MilanKundera misturarem-se com as vidas de Tomaz e Sabina, não fosse um simples espelho e um chapéu, bem como as fotografias de Tereza, o filme seria apenas uma tela preenchida com lugares-comuns, e o livro do escritor checo ganharia contornos a roçar a vulgaridade. Mas, felizmente, os simples pormenores ajudam sempre a criar as coisas mais belas.